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29.8.03
Sempre odiei trabalho de grupo. Desde a época da escola, sempre brigava com o grupo todo e fazia meu trabalho sozinha. Criava confusão com os professores que não permitiam que o trabalho fosse individual, porque aqueles argumentos de "trabalho em equipe" nunca me enganaram, trabalho em equipe significa um palhaço levando cinco ou mais malandros nas costas. Também nunca aceitei o caminho mais fácil, de ser uma das malandras porque não coloco meu nome em trabalho que eu sei que ficaria melhor se tivesse sido feito por mim. Na faculdade, o negócio melhorou. As pessoas não eram tão burras, e sempre tinha aquelas em quem eu confiava pra assinar meu nome sem nem ler o que ela tinha escrito.
Mas continuo odiando ter que trabalhar "em equipe". Odeio ver meus planejamentos indo por água abaixo por causa da atitude anti-profissional dos outros. Me sinto uma idiota por ter que trabalhar até muito mais tarde do que seria necessário por causa do atraso dos outros. E tenho certeza de que sou uma imbecil quando vejo esses "outros" se dando bem e subindo na vida.
Na verdade, me entristeço quando passo os dias realizando tarefas muito aquém das minhas capacidades, fazendo trabalho que não é meu e consertando os erros dos outros, que não descem do palco e aceitam os louros com a maior cara-de-pau. Fico mais triste ainda quando penso que aceito quase naturalmente ir dormir todo dia com esse sentimento de frutração, sem fazer nada pra mudar. Isso quando eu consigo dormir. Me impressiono com a facilidade com que abandonei meus sonhos e as atividades em que eu realmente era boa e reconhecida. Gosto de pensar que não tenho outra opção, pois tenho responsabilidades e contas a pagar e não posso simplesmente largar tudo como uma adolescente rebelde. E é verdade.
Mas também sei que no fundo, bem no fundo, tem um pouco de covardia. Um muito, pra ser mais honesta. E, no final das contas, é isso que me incomoda.
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