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   31.12.03  
Eu ia jurar que vou responder todas as mensagens e desejar um ótimo ano novo a todos vocês. Mas será que alguém ainda acredita nas minhas promessas?
   


 
Quase escrevi "quando é um bom filme" no lugar de "quando o filme é bom". Ainda bem que percebi a tempo. Falar "um bom filme" é tããããooo pedante... um bom filme, uma boa música, um bom livro. Pedante e cafona.
   


 
Não gosto de assistir filmes de terror, porque tenho medo. Se tiver fantasma então, fico noites sem dormir. Queria tanto ver esse "O Chamado", mas não tenho coragem. E não adianta me dizer que é só um filme.

Também não gosto de filmes de suspense, porque eles me deixam muito nervosa. Odeio a sensação de não saber o que vai acontecer - tanto que quando lá pela metade de um livro eu percebo que vou demorar muito para terminar a leitura, às vezes eu leio logo o final e pronto, posso ler com calma o resto; mas normalmente eu leio muito rápido, assim chego logo ao final, depois releio tudo, com calma. Mas era sobre filmes que eu estava falando e não entendam mal, quando o filme é bom, eu gosto do suspense. Mas gosto com raiva, porque assistir me faz muito mal, estou falando sério quando digo que fico muito nervosa.

Eu fecho os olhos, ou desvio o olhar, em todas as cenas que tenham peles perfuradas, membros cortados, escatologia e coisas do gênero. Ou coloco a mão na frente dos olhos, deixando livre só a parte de baixo, para ler as legendas. Mas o melhor é fechar só um pouco os olhos, até a imagem ficar desfocada, porque aí não perco a cena, mas também não vejo os detalhes.

E odeio, odeio, odeio cenas de perseguição de carros. São sempre chatas, repetitivas e, em 90% dos casos, desnecessárias.

Também não gosto muito de comédias românticas em geral. Detesto melodramas e filmes de ação. Ficção científica eu acho um saco.

Tirando esses pequenos detalhes, adoro cinema.
   



   28.12.03  
Você pode tirar um homem do subúrbio, mas nunca vai tirar o subúrbio de um homem

Nunca, nunca mesmo, diga "dessa água não beberei". Porque quando você menos espera, você já está lá, contribuindo para o engarrafamento e tirando foto com a árvore da Lagoa ao fundo. A desculpa inicial do passeio era acompanhar meu irmão, no que prometia ser o maior programa de índio do século. Ainda mais quando a Nanda sacou uma máquina de retrato da bolsa! Por alguns instantes ainda tentei manter a pose, mas não dá pra sair de casa pra ver uma árvore de Natal e fingir que tem dignidade, né? Se é pra pagar mico, melhor fazer logo o serviço completo! E confesso que, no final das contas, foi divertidíssimo. Há muito tempo eu não ria tanto! E, realmente, eu estava precisando.
   



   26.12.03  
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.


(Carlos Drummond de Andrade)
   


 
Foi um Natal inesquecível. No bom e no mau sentido. Não teve ceia, troca de presentes, papai noel, casa cheia, alegria. Foi uma data de tristeza, saudades e lágrimas. Mas também de muita união, solidariedade e amor. Foram lágrimas compartilhadas com pessoas que eu amo. Por isso, cada vez que penso nisso percebo que, mesmo sem querer, mesmo esquecendo completamente que era Natal, nós o celebramos em nossos corações.

E minha irmã disse tudo que eu ainda não tenho coragem de dizer.
   



   23.12.03  
Praticamente aos 45 do segundo tempo, conseguiram um jeito de me fazer arrumar minha sala. Decidiram que a confraternização marcada para hoje à tarde será aqui.

Resultado? Em alguns minutos fiz o que não consegui fazer o ano inteiro: deixei tudo um brinco, as mesas vazias e limpas.

Este é o verdadeiro milagre do Natal.
   



   22.12.03  
Eu só queria conseguir dormir. Não é possível que seja tão difícil.

Embora eu ache que levantar da cama e vir jogar essa idiotice não ajude muito. Ainda mais porque toda vez que a gente erra aparece aquele "LOSER", assim bem grande, que é pra gente lembrar das coisas que não nos deixam dormir.
   



   20.12.03  
Sala de espera

É fácil identificar os novatos. As famílias que estão ali pela primeira ou segunda vez. São muitos, chegam afobados, conversam entre si, ocupam vários dos poucos lugares da sala, praticamente ignoram as outras famílias. Ainda não compreendem bem a dinâmica das visitas, discutem com os médicos. Nos dias seguintes, são ainda mais numerosos, aparecem primos mais distantes, tias, amigos. Depois dos primeiros dias, a família numerosa e ruidosa se reduz a um pequeno núcleo. Normalmente a mulher ou marido do paciente e os filhos. Em alguns casos, os netos. Em pouquíssimos, os pais. Porque a vida das pessoas não pode parar, o horário de visita é restrito e dificílimo para quem precisa trabalhar. Porque a doença, infelizmente, aos poucos deixa de ser uma coisa excepcional, o parente no hospital passa a fazer parte da vida diária. É triste, mas é como funciona. Porque os outros, os que estão do lado de fora, também precisam de atenção.

Mas os que resistem deixam de ser desconhecidos. Ainda que não se tornem amigos, a convivência de poucas horas diárias e a certeza de que estão na mesma situação cria uma certa cumplicidade entre todos. E envelhecem juntos. Porque não há como disfarçar o sofrimento. Não adianta secar as lágrimas, forçar um sorriso, fingir um ânimo que não se tem: o peso do sofrimento num corpo não pode ser apagado.

Na segunda semana, as pessoas passam a ter nome, endereço, particularidades. A nora que fala alto e discute com as enfermeiras. O filho que chega correndo, direto do trabalho. A mulher que sempre chega muito cedo, com medo de perder a hora. A filha que esquece a própria doença e não deixa de ir nem um dia. A irmã que vem de longe, de trem. A filha que só acompanha a mãe e não tem coragem de entrar no quarto para ver o pai. A que leva chocolate para o médico (e os que trocam olhares como se dissessem que essa vai perder o pai, mas conseguir um marido). Tem os que choram o tempo todo e os que entram e saem calados.

Quando chegam, cumprimentam os outros. Procuram notícias, não só do seu familiar, mas dos outros. Se alegram pelos que melhoraram, consolam as famílias dos que não. Estranham quando alguém não aparece. Na terceira semana, já aprenderam que a ausência pode ser um bom sinal. Ou exatamente o contrário.

Na quarta semana, apareceu um presépio na entrada da sala. No teto e nas paredes, enfeites natalinos. Nos vidros que dividem os leitos alguém pintou em letras douradas: "Feliz Natal". Mas na quinta semana, poucos ainda têm tanta esperança.
   


 
A todos que estou devendo respostas: de amanhã segunda-feira não passa, prometo.
   



   18.12.03  
Começou o Encontro Internacional de Formigas. Todos as formigas do mundo estão reunidas nesse momento, numa grande confraternização de fim de ano. Um evento realmente grandioso. Bem aqui na minha cozinha.
   



   17.12.03  
Quando eu chego na Presidente Vagas, tá lá o termômetro marcando: 23 graus. Quase 20 graus de diferença de um dia pro outro!

Ontem a cidade estava fervendo, saindo fumaça do asfalto. E quem é do Rio sabe que isso não é só "modo de falar", nem exagero. Peguei um ônibus para andar dois pontos, R$1,50 por uma viagem de 3 minutos. Porque não havia condição de ir a pé, simplesmente não dava pra aguentar. Um daqueles dias em que costuma-se dizer que estamos na filial do inferno (mas eu desconfio que aqui é a matriz, o inferno é que é a filial). E hoje, temperatura agradável e esse ventinho delicioso.

Acho que é por isso que eu gosto tanto dessa cidade: é tão parecida comigo!
   



   16.12.03  
Estudei em bons colégios, sempre fui ótima aluna (ok, ótima aluna nas matérias que me interessavam, mas ainda assim ótima, oras!), sei tocar piano, fiz duas faculdades, leio bem inglês, um pouco de espanhol e francês, sei que tenho inteligência e cultura acima da média (sem modéstia nenhuma, mas é verdade), sei bordar, lavar, passar, cozinhar.

Só não sei ganhar dinheiro.

Tudo o que eu sei não serve pra nada. Pra nada. Não serve pra pagar as contas. Não serve pra ajudar as pessoas que eu amo. Pra nada mesmo. Só pra ficar me exibindo aqui pra vocês.
   



   15.12.03  
Finalmente comecei a ler "A Fogueira das Vaidades". Depois desse, só tem mais um na fila. Entenderam? Depois desse só tem mais um na fila. Só mais um e acabam os livros não lidos na casa. E já é Natal na Leader Magazine. Acho que todo mundo entendeu o recado. ;)

Mas, voltando ao livro. Eu não vi o filme, mas não resisti e acabei fuçando no imdb só para ser castigada pela minha curiosidade. Porque descobri que o personagem principal foi interpretado pelo Tom Hanks. Estraguei o livro, porque agora, toda vez que leio Sherman, vem a imagem do Tom Hanks, e não dá pra levar a sério um personagem com a cara do Tom Hanks. Simplesmente não dá. Não pra mim. Pior que isso, só se fosse o Nicholas Cage.

Pra piorar, a curiosidade me fez relembrar que o filme ainda tem a Melanie Griffith. Taí um filme que eu nunca verei. Se bem que essa, cafona que só ela, deve estar perfeita no papel. Porque a parte mais marcante do livro até agora foi a descrição de uma ombreira que sua personagem usa. Algo assim realmente assustador. Principalmente quando lembro que EU já usei ombreira. E calça semi-baggy. E ainda tem gente que tem saudades dos anos 80.
   



   14.12.03  
Vocês sabem o que é gulinia?
Gulinia é uma das palavras criadas pelo meu irmão, difícil de explicar, mas fácil de entender. Todo mundo já presenciou uma cena de gulinia. Provavelmente, já protagonizou uma. O trio da foto aí de baixo adorava (adorava? adora!) uma gulinia, para desespero do resto da família e da vizinhança.

Gulinia é também o nome do blog da Nanda, que finalmente se rendeu ao viciante mundo dos blogs. Bem-vinda!

   



   13.12.03  
Com essa idade já era pra eu ter aprendido que não se chama um homem para ir ao cinema dizendo "vamos ver o filme do hugh grant?"
   



   11.12.03  
Finalmente!

Decreto libera bermudas para o verão

DECRETO N.º 23797 DE 10 DE DEZEMBRO DE 2003
O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais e, considerando as previsões sobre o calor no verão 2003-2004,
DECRETA
Art. 1.º Durante o período de verão, de 21 de dezembro de 2003 a 21 de março de 2004, fica autorizado o uso de bermudões, calças e bermudas na altura do joelho para os servidores municipais, e para os motoristas de táxis, motoristas e trocadores de ônibus, e motoristas de vans e kombis credenciadas.


O verão só começa dia 21, é? Pensei que já tinha começado há muito tempo.
   



   10.12.03  
Depois de passar dez minutos reclamando que estava com fome e que não, não queria comer outro pedaço de peito de peru light...:

- Vou ao mercado, quer que eu compre alguma coisa pra você comer?
- Não precisa. (com voz de sofredora, claro).
- Eu vou lá. Diz o que você quer comer.
- Nada. Não precisa ir.
- Mas eu vou. Pensa aí o que você quer.
- UM QUILO DE CHOCOLATE!

Foi um impulso.

- Isso são quantas barras? Umas cinco?
- É. Mas eu estava brincando. E a minha dieta? Não compre nada!
- É pra comprar ou não é?
- Não! Quer dizer... é. Não, não! Ah, compra sim... Não, não compre!!!
- Tá.

Aí ele já está na porta e eu sabia que era minha última chance

- COMPRE BARRAS DIFERENTES! UMA DE CADA!!

Como a pessoa pode ser assim tão fraca?
   


 
Recebi essa foto por email. Não sei ainda se foi uma ameaça da minha irmã, algo do tipo "comecei a escanear fotos da nossa infância". Mas gosto tanto dessa que resolvi publicar.

Na ordem: eu, com o uniforme do São José, que deixa um trauma tão grande que por anos a pessoa não consegue nem olhar uma roupa marrom. Nanda, a responsável por essa foto estar tão bem escaneada, centralizada e sem margens. Felipe, o mais fofo do mundo, e nem se atrevam a não concordar. Ao fundo, minha cecizinha dourada com cestinha super-féchion.


(Acho que deformei a imagem ao publicar. A original era muito grande, tentei reduzir mas devia saber que não ia dar certo.)
   


 
Ó Deus, fazei com que eu nunca precise ser entrevistada pelo Jô Soares. Eu não aguentaria tanto constrangimento. Eu sei que eles precisam vender o disco, divulgar a música, e blablabla, mas a que preço?
   



   9.12.03  
Eu ia comentar uma coisa sobre a entrevista em que a Luciana Vendramini fala sobre suas recentes fotos para a Playboy, mas vou ficar quieta pra ninguém dizer que é despeito. Porque é mesmo.
   


 
É segunda-feira e você toda feliz gasta o dinheiro que não tem comprando comidinhas light, almoça o equivalente calórico a uma solitária batata-frita, volta à rotina viciante das barrinhas de cereais, e quando já está firme no propósito de chegar ao final do ano menos baiacu, começa a ler seus blogs favoritos e dá de cara com isso.

Não é justo.
   


 
Não adianta subornar a Nanda porque ela não é louca e sabe o futuro sombrio que a espera se ela sequer pensar em liberar a foto. Não que isso seja uma ameça, claro.
   



   8.12.03  
Comento com a minha mãe sobre o Gurizada, da Lu, e ela começa a falar sobre as minhas fotos lindas que ela tem guardadas. E conclui: "tem uma ótima aqui, vou mandar pra lá!". Eu achando que seria uma daquelas bem minha-filha-é-a-mais-linda, cuti-cuti, essas coisas bem de mãe, e ela esclarece: "É uma de um carnaval, baile infantil, mas bem fim de festa, você toda escabelada, já sem os adereços da fantasia, e com os olhos meio fechados, parece que bebeu e se drogou o baile inteiro. É ótima, vai fazer um sucesso!"

Minha própria mãe.
Que, felizmente, não tem scanner.
   



   7.12.03  
Acordei talvez às 3. Ah está começando está vindo - o horror - fisicamente como uma dolorosa onda avolumando-se em volta do coração - lançando-me para o alto. Derrotada - Deus, quisera estar morta. Pausa. Mas por que estou sentindo isto? Deixe-me observar a onda subir. Observo. Vanessa. Filhos. Fracasso. Sim; é o que percebo. Fracasso fracasso. (A onda sobe). Ah caçoaram de mim porque me agrada a cor verde! Onda rebenta. Tenho apenas uns poucos anos de vida suponho. Já não consigo mais enfrentar este horror (isto é a onda esparramando-se sobre mim).

Isto continua; várias vezes, com variações de horror. Depois, na crise, em vez de a dor continuar intensa, fica muito indefinida. Cochilo. Acordo em sobressalto. A onda de novo! A dor irracional: a sensação de fracasso; em geral o acréscimo de um incidente específico, como por exemplo gostar da cor verde, ou a compra de um vestido novo, ou um convite a Dadie para vir passar o fim de semana.

Afinal digo, olhando da forma mais distanciada possível: Agora recomponha-se. Dê um basta a isto. Pondero. Faço um levantamento de gente feliz & infeliz. Preparo-me para avançar para atirar-me para arrebentar. começo a prosseguir às cegas. Sinto diminuírem os obstáculos. Digo que não importam. Nada importa. Enrijeço & me endireito, & volto a adormecer, & fico semi-acordada & sinto a onda começar & observo a luz empalidecendo & penso que, desta vez, o café da manhã & a luz do dia vão superá-la; & então ouço L. no corredor & finjo, tanto para mim quanto para ele, grande efusividade, & em geral sou efusiva, quando termina o café da manhã. Será que todo mundo passa por este estado? Por que tenho tão pouco controle? Não é louvável, nem desejável. É a causa de muito desperdício & de muita dor em minha vida.


(Virginia Woolf, 15 de setembro de 1926)
   



   5.12.03  
Estou começando a entender perfeitamente as pessoas que, mal começa dezembro, já ficam resmungando que odeiam o Natal. Eu não odeio, gosto até, ainda mais agora que minha mãe não pode executar diariamente seu plano de me tornar uma baleia, e eu acabo só comendo seus quitutes em ocasiões especiais, como o Natal. Mas só essa semana percebi que minha simpatia por esta data vem do fato de há muitos anos ser poupada do tal "natal em família". Por família entenda-se aquele ajuntamento de tios e tias e primos e mulheres dos primos e namorados das primas etc etc. Todo esse pessoal que às vezes a gente mal conhece, com quem não temos nada em comum, além do acidente de ter nascido na mesma família. Eu sou poupada de tudo isso, e se o motivo inicial do afastamento foi um fato bastante desagradável, pelo menos agora só ficou o lado bom: paz.

Porque essa semana eu tive uma amostra do que vocês sofrem, pobre coitados que, como se não bastasse a tortura do calor de dezembro, ainda precisam fazer social com os familiares. Foi a semana do reencontro com primos distantes e convivência forçada, ainda que por poucas horas, com parentes desagradáveis e sem noção. E percebi o que é ter sua vida, que até minutos antes não era do conhecimento de ninguém, julgada por verdadeiros estranhos. Parentes, mas estranhos, porque pra mim não tem outra forma de chamar alguém que eu vi pela última vez há uns 15 anos (numa conta bem otimista).

Quem não viu Albergue Espanhol, devia ver, porque o filme é ótimo. Quem viu, deve lembrar do William, o personagem inglês inconveniente e sem noção. A cada piada idiota, cada comentário errado na hora errada que ele fazia, eu pensava "que exagero! não existe ninguém assim!". Grande engano. William existe na vida real. E essa semana eu descobri que ele é meu parente.
   


 
Não importa quantas horas eu durma, sempre é pouco. Acordo cansada, e passo o dia contando os minutos para voltar para minha toca. E pensar que minha mãe gostava de me sacanear com aquela musiquinha (será que alguém conhece?) "mas quando o bumbo faz bum no segundo bum ela já chegou lá". Agora o bumbo pode morrer de fazer bum que eu nem me mexo. A situação chegou num ponto em que nem o show do Los Hermanos consegue me animar, já me arrependi de ter comprado os ingressos. E quando nem um show do Los Hermanos consegue me animar, é porque tá feia a coisa.

Sem falar nas pessoas que me irritam, ah, as pessoas que me irritam... elas aumentam em progressão geométrica e estão dominando o mundo.
   



   3.12.03  
Está lançado o Prêmio Bocozices de Melhor Comercial do Ano

É uma pena, mas o Super Timor não está no páreo, porque é antigo. Os concorrentes com mais chances até o momento são a Arapuã - tá diferente, tá! tá diferente, sim! - e o supermercado Mundial, o menor preço total.

Meu voto, é claro, vai para o Mundial, porque nada supera o comercial de inauguração da nova loja. Ah, você não sabe onde é que fica??

Em Cu-ricica!
Em Cu-ricica!


update: novo concorrente! Eu gaganto: o comercial da Schin em que o cara "não fala mais egado" tá no páreo. Cagamba!
   



   2.12.03  
Não entendo gente que diz que é melhor fazer amigo oculto, porque aí você compra só um presente, e não precisa gastar dinheiro com presentes para aqueles primos distantes e outros familiares que você nem lembra que existem. Como se, não existindo amigo oculto, eu realmente fosse comprar presentes para essas pessoas. Aliás, como se eu fosse desperdiçar o meu Natal com eles.

E a única vez em tentaram fazer um amigo oculto de Natal na família, minha vó me sorteou. Isso lá pelo tempo de dom joão charuto, quando ainda existia "natal em família" (no mau sentido). Como eu era neta, ela comprou um presente mais caro do que o valor estipulado. Afinal, ela não tinha pedido pra inventarem amigo oculto nenhum, e me deu o que queria , sem se importar com o preço nem com o constrangimento que isso poderia causar. Pra piorar, ela também comprou presentes para meus irmãos, porque afinal, "eles também eram netos". Só pessoas que acham amigo oculto uma boa idéia poderiam ter a ilusão de que minha vó não ia dar presentes para os netinhos. Mas como meus irmãos já tinham ganhado presente dos respectivos amigos ocultos, e eu acumulei os presentes de avó e amigo oculto em um só, imaginem o drama que se formou.

E imaginem se no ano seguinte alguém se atreveu a ter novamente essa idéia de jerico de amigo oculto.

Nossa, que saudade da minha vó.
   


 
O vizinho evangélico se mudou. Se mudou ou desistiu dos ensaios caseiros com sua banda gospel, o que pra mim dá no mesmo. O vizinho funkeiro agora escuta ópera (juro). O casal homem violento-mulher histérica não briga mais. Ou se briga, não é mais tão escandalosamente. Em compensação, o apartamento fantasma não é mais tão fantasma assim: durante a semana continua sendo impossível acreditar que ele seja habitado, já que nunca aparece ninguém, mas agora nos fins-de-semana ele se enche de adolescentes para animadas e barulhentas festinhas. E quando eu digo animada, quero dizer animada MESMO. Em todos os sentidos.

Acho que é o fim da linha quando a gente vira a vizinha velha que se escandaliza, né?
   



   1.12.03  
Quando o carteiro chegou e meu nome gritou com o livro da Fal na mão...
Eu tinha tanta certeza que ia chegar hoje que comprei rosquinhas daquelas cheias de açúcar (umas mil calorias cada uma, por baixo) e até combinei com são pedro pra ele mandar uma chuvinha. Agora dá licença que eu vou passar o resto do dia assim:

   


 
- Mandei todas as minhas saias pra costureira cortar e fazer bainha.
- Ué, você não gostava delas do jeito que estavam?
- Gostava. Mas parece que a moda no verão vai ser mini-saia. Tenho que estar preparada.

Eu achava que gente assim não existia na vida real.