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5.12.03
Estou começando a entender perfeitamente as pessoas que, mal começa dezembro, já ficam resmungando que odeiam o Natal. Eu não odeio, gosto até, ainda mais agora que minha mãe não pode executar diariamente seu plano de me tornar uma baleia, e eu acabo só comendo seus quitutes em ocasiões especiais, como o Natal. Mas só essa semana percebi que minha simpatia por esta data vem do fato de há muitos anos ser poupada do tal "natal em família". Por família entenda-se aquele ajuntamento de tios e tias e primos e mulheres dos primos e namorados das primas etc etc. Todo esse pessoal que às vezes a gente mal conhece, com quem não temos nada em comum, além do acidente de ter nascido na mesma família. Eu sou poupada de tudo isso, e se o motivo inicial do afastamento foi um fato bastante desagradável, pelo menos agora só ficou o lado bom: paz.
Porque essa semana eu tive uma amostra do que vocês sofrem, pobre coitados que, como se não bastasse a tortura do calor de dezembro, ainda precisam fazer social com os familiares. Foi a semana do reencontro com primos distantes e convivência forçada, ainda que por poucas horas, com parentes desagradáveis e sem noção. E percebi o que é ter sua vida, que até minutos antes não era do conhecimento de ninguém, julgada por verdadeiros estranhos. Parentes, mas estranhos, porque pra mim não tem outra forma de chamar alguém que eu vi pela última vez há uns 15 anos (numa conta bem otimista).
Quem não viu Albergue Espanhol, devia ver, porque o filme é ótimo. Quem viu, deve lembrar do William, o personagem inglês inconveniente e sem noção. A cada piada idiota, cada comentário errado na hora errada que ele fazia, eu pensava "que exagero! não existe ninguém assim!". Grande engano. William existe na vida real. E essa semana eu descobri que ele é meu parente.
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