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30.8.04
A cerimônia de encerramento das olimpíadas estava tão legal, tão contagiante, que eu levantei e fui lavar roupa. Eu sei, eu sei. Não pega bem pra uma ruiva ir pro tanque. Você consegue imaginar uma ruiva (mesmo que meio desbotada) com a mão cheia de sabão, esfregando camisas? Claro que não! Ruivas vivem cercadas de serviçais solícitos. As pessoas brigam para atender aos desejos e caprichos das ruivas. Lavar roupa no domingo pra ir trabalhar na segunda-feira, definitivamente, é coisa de loiras e morenas.
Minha sandália arrebentou, minha calça descosturou, torci o pé, morri de calor e ainda por cima era uma segunda-feira. Pergunta se eu me abalei. Se eu fiquei mal-humorada, se reclamei da vida, se xinguei todo mundo. Uma ruiva não se deixa atingir por coisas tão pequenas assim.
26.8.04
"Estudei para uma profissão que nunca exerci; trabalho em outra, para qual não estudei; gostaria de ter uma terceira, com a qual jamais conseguiria me sustentar. Tudo errado. Minha vida profissional foi (e ainda é) um total equívoco. Não tenho esperança de que este quadro mude. Seria preciso que eu fizesse por onde e, justamente, não tenho ânimo para recomeçar mais nada."
(Roubei daqui)
É exatamente isto.
Mas sempre resta a opção de ter um filho e virar dona de casa. Já pensei seriamente nisto. "Tá querendo virar madame, é? Engraçadinha."
Então tá.
23.8.04
Esse cansaço sou eu
Pela primeira vez na vida, eu aparento a idade que tenho. Me acostumei a parecer mais velha quando tinha uns 12, 13 anos. E depois, a sempre acharem que eu era mais nova, quando já estava com 18, 19, 20. Como se eu estivesse congelada nos 16 anos. Até pouco tempo atrás, era sempre uma surpresa pra quem me conhecia pela primeira vez (podemos conhecer pela segunda, terceira, quarta vez? eu acho que sim) quando eu dizia minha idade. Nooooossa, nem parece. E hoje, vendo fotos antigas nem tão antigas assim, visto que tiradas por uma máquina digital há pouquíssimos anos, as pessoas exclamam que eu parecia tão mais nova. E até eu fiquei surpresa em constatar que parecia mesmo. Já tinha esquecido das tantas vezes em que perguntaram quem era mais velha, eu ou ela.
Hoje, ninguém erra mais. Eu tenho exatamente a idade que eu tenho.
Não é que seja ruim. É só mais uma coisa pra eu me acostumar.
18.8.04
"Me parece que cheguei a um ponto de onde não posso mais sair. Não quero empregar grandes palavras, mas isso é insuportável e eu tenho suportado segundo por segundo." (Clarice Lispector)
16.8.04
O inferno são os outros
- Meu filho não vai ter autorama. Não vai mesmo.
Foi a primeira coisa que ela disse ao acordar, antes mesmo de levantar da cama. Ele riu.
- Pode rir, porque se eu estou dizendo que não vai, é porque não vai. Ah, sim, bom dia!
- Bom dia, mas... e se ele quiser um? E se ele pedir?
- Não vai pedir, porque até lá já vai ter saído de moda. As crianças nem vão saber que isso existiu um dia.
Mas pelo visto não vai sair de moda nunca, porque obviamente isso é um brinquedo para os pais. Os filhos não pedem autorama. Os pais é que insistem tanto que convencem as crianças. Mas se pelo menos não fizesse barulho. Será que tem um jeito de tirar o som do carrinho?
- Hein? Será que tem um jeito de tirar o som do carrinho?
- Mas sem som não tem graça!
- Ah, claro, porque com som é realmente divertidíssimo.
- Mas por que essa implicância agora?
- Como assim? Você tá surdo? Eu sou acordada em pleno domingo pelo barulho infernal dessa porcaria de autorama que o idiota do vizinho resolve ligar de manhã e eu é que sou implicante? Nada contra o autorama, desde que não seja embaixo da minha janela.
- Esse barulho não é de autorama. É um carrinho de controle remoto.
E faz diferença?
13.8.04
Já estava triste porque não ia poder assistir a cerimônia de abertura das Olimpíadas. Meu chefe não considerou uma razão aceitável para faltar ao trabalho. Sinceramente, se a abertura das Olimpíadas não é uma razão aceitável, eu realmente não entendo mais nada. Mas é claro que na hora dei um jeito de visitar a sala que tem televisão. Não vi tudo, porque de vez em quando tinha que voltar pra minha sala pra resolver alguma coisa, mas já foi melhor que nada. E uma hora cansei desse vai-e-vem e parei de assistir. Então não posso falar muito. Do que eu vi, gostei. Mas o problema com toda cerimônia depois de Moscou é que, por melhor que seja, não tem o Misha. Falem o que quiserem da União Soviética, mas no quesito vamos-impressionar-o-mundo não tinha pra mais ninguém.
Mas me falaram que os gregos reconstruíram o estádio só pra poder fazer aquele mar. Não sei se é verdade. Mas taí uma coisa que eu gostei. Isso sim é uma coisa que os soviéticos fariam.
7.8.04
Vocês se lembram da minha voz?

Se você acha que isso é preguiça de escrever, acertou. Se você quiser saber o quanto estou gripada, digamos que meu nariz combina com o cabelo. Se você acha que eu me acho muito gostosa e que é ridículo colocar na internet fotos que ninguém quer ver, você é minha mãe.
(e pra Nanda e Andréia, minhas companheiras de Odeon que vão pagar meu tratamento quando eu deslocar o maxilar de tanto rir, só falo isso: )
5.8.04
Parece que foi hoje
E no meu caderninho pré-blog, porque em 1990 não tinha essas modernidades, um dia eu escrevi que não sabia que faculdade eu queria fazer. Que ainda nem era o ano do vestibular e as pessoas já estavam fazendo "pra ganhar experiência" e elas tinham tanta certeza que me impressionavam. Que eu queria mesmo era ser arqueóloga, mas ia acabar sendo jornalista. Ou psicóloga. Ou uma dezena de outras profissões. Que eu achava que, fosse qual fosse o curso, eu largaria no meio porque nao aguentaria estudar tanto tempo a mesma coisa. Que o que eu queria mesmo era poder viajar muito e conhecer outros países. E que eu queria ter dinheiro pra criar cinco filhos sem preocupação.
Estranho perceber que tanto tempo depois, e depois de viver tanta coisa, no fundo não mudei nada. Ou quase nada. Porque esse negócio aí de criar cinco filhos, francamente. Acho que eu me superestimava demais. Uma arqueóloga com cinco filhos, veja só.
2.8.04
Ouça um bom conselho que lhe dou de graça
Na dúvida entre a bomba de creme e a de chocolate, coma as duas. Aproveite o inverno para ser feliz.
Dois ótimos filmes no fim de semana.
Se você ainda não foi assistir Brilho eterno de uma mente sem lembranças só porque é com o Jim Carrey, só posso dizer que quem está perdendo é você. Da minha parte, o que me assustava no filme era ser "do mesmo cara" de Quero ser Jonh Malkovich e Adaptação. Mas se o primeiro era uma boa idéia que virou um filme apenas legal, e o segundo uma ótima idéia que virou um filme chato, Brilho Eterno é uma boa idéia que virou um ótimo filme.
E vocês também não acham que a "tradução" de Fahrenheit 9/11 para "Fahrenheit 11 de setembro" deixou o título sem sentido?
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