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15.1.06
A gente acha que as indicações pro paredão são o momento mais importante do domingo. Aí vem a Michelle Bachelet e ganha as eleições no Chile. Isso sim é o tipo de coisa que me emociona. Sem brincadeira. Ainda nem acreditei que ela ganhou. Eu passei boa parte da tarde de hoje pensando nesse assunto. No Chile e tal. Porque a imagem que a gente tem do Chile é muito idílica. Aquela coisa de quem vai passar férias e volta encantado. Todo mundo que eu conheço que viaja pra lá volta elogiando. De como é tudo lindo e uma maravilha total. Eu tenho uma prima que mora em Santiago. E se você escutar os pais dela falando, vai querer se mudar pra lá no dia seguinte. Eu sempre me assusto quando escuto essas coisas. Mas, parando pra pensar, só dá pra concluir que o Chile é mesmo o paraíso da classe média brasileira. Um país super conservador e com uma polícia cujo lema é "pela razão ou pela força". É ou não é o sonho de muita gente por aqui?
Eu não sei o que vem daqui pra frente, se vão acontecer mudanças reais ou não. Mas já fico feliz só com a vitória. Já acho que é uma grande coisa, apesar de apertada. Por ela ser mulher, num país onde homens e mulheres até hoje votam em seções separadas. Por ser socialista, ex-prisioneira política e exilada, num país onde tanta gente ainda anda com chaveirinho do Pinochet. Por ser divorciada, num país onde o divórcio só foi legalizado ano passado. Por se declarar agnóstica num país tão conservador. E, claro, por derrotar um homem, empresário, rico, dono de canal de televisão e ultra-direitista que se declara contra o direito ao aborto e ao divórcio.
Em dias como hoje dá até pra pensar. Que ainda há esperança. Que nem tudo está perdido. E outras coisas bobas assim.
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