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13.3.06
"Não repara a bagunça não. É que estou de mudança, sabe como é..."
Aprendi essa desculpa quando estava procurando apartamento. Porque eu achava que quando uma casa estava à venda o proprietário se preocupava em mantê-la impecavelmente arrumada, para passar uma "boa impressão" aos interessados na compra. Descobri que nem sempre é assim. Claro que tem aquelas casas estilo dona-de-casa perfeita, nada fora do lugar, toalhinhas combinando no banheiro e tudo mais. Mas a maior parte dos apartamentos que visitei que ainda estavam ocupados tinham cara de "alguém mora aqui". Porque, sinceramente, essas casas que brilham vinte e quatro horas por dia sempre me intrigam. Como se fossem habitadas por ets, sei lá.
Então esta frase do início é a primeira coisa que a pessoa fala quando te recebe. Nem precisa ser verdade, descobri. É praxe mesmo. Praticamente um clichê. E dos mais úteis. Porque agora que não estou mais procurando apartamento, mas procurando comprador para o meu, entendi que não preciso deixar a casa igual a uma foto de revista de decoração. Eu já começo com "não repara não, é que estou de mudança, sabe como é..." É uma meia-verdade. Porque eu estou mesmo de mudança. Mas as coisas já estavamo fora do lugar bem antes disso. Assim, desde sempre. Mas ninguém precisa saber. Estar de mudança é uma ótima desculpa. Ainda bem.
Meu medo agora é o meu incrível potencial para me transformar naquelas pessoas que deixam tudo encaixotado por séculos depois da mudança. Aí nunca sabem onde está nada e começam sempre com aquele papo "é que acabei de me mudar". E a gente sabe que elas "acabaram" de se mudar, assim, há uns dez anos. Mas sabe como é, né...
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