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7.7.07
Filhos: teoria e prática
A grande lição que eu aprendi com a maternidade foi passar a acreditar mais nos ditos populares. "Nunca diga dessa água não beberei". Nossa, tem frase mais verdadeira que essa? A gente devia receber um cartão na saída da maternidade com esse ditado impresso. É o grande conselho para a vida de mãe. Porque vocês sabem, né? Uma das funções dos filhos é essa: fazer as pessoas morderem a língua.
Todo mundo tá cansado de ouvir as pessoas bradando aos quatro ventos como seus filhos serão sempre educados, inteligentes, lindos, etc. Quantas pessoas resistem ao pensamento "eu vou educar meu filho e ele nunca vai fazer isso" quando passa por uma criança aos berros, fazendo manha no meio do supermercado? Ou falam orgulhosamente que os filhos saberão que a hora de comer não é hora de brincar, e que nunca vão almoçar vendo televisão? Os exemplos são infinitos. Atire a primeira pedra, blábláblá.
Hoje em dia, quando eu vejo alguém falando assim, eu nem falo nada. Só dou uma risadinha. E fico torcendo pra ela nunca engravidar. Ou, se isso acontecer, que tenha um ótimo curativo. Porque imagina o tamanho da ferida que vai ficar na língua depois da mordida!
É lógico que ninguém deixa de ter suas convicções só porque teve filhos. E, no geral, educamos e criamos nossos filhos de acordo com elas. Não acho que a gente deva abrir mão dos nossos princípios só porque viramos mães, muito pelo contrário. São eles que vão nos guiar nessa tarefa tão prazerosa mas também, não vamos nos iludir, tão difícil.
Mas porque essa papo todo? Porque eu estou cansada de saber que não se deve falar errado com as crianças. Que pronunciar corretamente as palavras é importante para a criança aprender a falar. Sei disso, concordo, e procuro aplicar na maior parte do tempo. Detesto quando alguém vem falando errado com a minha filha. Mas tem coisas que são irresistíveis. Porque uma coisa é já chegar falando e ensinando errado. Outra, é começar a pronunciar as palavras como seu filho de 1 ano fala. Talvez os especialistas digam que é tudo a mesma coisa, errado é errado e pronto. Mas quem é mãe sabe como o segundo caso é absolutamente inevitável. E irresistível.
E é assim que eu me pego uma bela tarde sentada no chão falando:
Dá mamã a bu! Dá mamã a bu, Joana!
Que, traduzindo do joanês para o português, ficaria: dá a bola pra mamãe. Mas que, convenhamos, assim perde a metade da graça.
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