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28.7.06
Eu nasci há dez mil anos atrás
Tem coisas que são simplesmente inacreditáveis. A Telemar, por exemplo. Teve toda aquela novela da transferêcia do velox quando eu me mudei. Quase um mês e duzentos mil telefonemas pra eles conseguirem apertar uma porcaria de um botão lá e liberarem a internet aqui em casa. Mas, enfim, conseguiram. Só que eu cansei de falar disso e vocês nem ficaram sabendo do melhor da história. Eles cobraram pelo período em que eu fiquei sem internet. E, pra piorar, mandaram a conta pro meu endereço antigo. Como se eles não tivessem meu endereço novo e eu tivesse obrigação de ficar rodando a cidade atrás de contas a pagar. Aí a gente liga, explica todo o enredo pra eles e a cobrança é cancelada. Aí no mês seguinte vem de novo. Aí a gente liga, explica todo o enredo e blábláblá. Não vou detalhar. Só dizer que eu achei que essa história já estava resolvida há séculos. E tinha até esquecido da telemar. Até que essa semana chegou uma cobrança novamente. Eles ainda estão tentando me cobrar por um serviço não fornecido. Vou te contar. Nunca vi uma empresa tão incompetente. Eu cheguei a comentar "nossa, que saudades da telerj".
Vocês que são jovens não tem idéia do que era a telerj. A gente via nos filmes e novelas as pessoas tirarem o telefone do gancho e já irem discando (a telerj é do tempo que a gente ainda "discava") e comentava "mas só em filme mesmo!". Porque na vida real o processo era bem mais complicado. Horas pra conseguir uma linha. E tinha ainda o problema dos troncos. Depois da saga pra conseguir uma linha, você discava e a ligação nunca se completava. Porque alguns troncos simplesmente não se comunicavam com outros. De modo que eu exagerei. Não dá pra sentir saudades da telerj. Da mesma forma que nem todo o saudosismo que eu possa ter no futuro vai me fazer sentir saudades da telemar.
26.7.06
Taca pedra na geni
Não tenho tido muito tempo nem paciência pra postar. Mas o bom é que a Helê já disse pelo menos metade do que eu tinha pra falar. Tem coisa pior no mundo do que crítica disfarçada de conselho? E se eu contar que até a empregada já meteu a mão nos meus peitos (isso no segundo dia de trabalho) pra me mostrar "como eu devia dar o peito, é assim, ó", vocês acreditam?
(foi por conta desse episódio dos peitos que eu tomei uma implicância monstro com ela, implicância que só vem aumentando com o passar dos dias, a ponto d'eu não suportar mais escutar a voz dela e já ter chegado ao cúmulo de fingir que estou dormindo quando ouço que ela está se aproximando do meu quarto. mas, ao mesmo tempo, foi por conta desse episódio também que eu fiquei me sentindo tão culpada por implicar tanto que não tenho coragem de demiti-la. Porque nesse dia eu realmente me descontrolei. Já estava descontrolada antes - com o peito sangrando, doendo absurdamente, joana chorando, eu chorando junto, aquele pensamento de "sou a pior mãe do mundo" - e chega uma quase-desconhecida, que começou a trabalhar na minha casa na véspera e meteu a mão nos meus peitos, dizendo que meu leite era fraco - "por isso essa menina chora tanto" - e dando palpite onde não foi chamada. Nossa. Eu dei um berro tão grande que ela virou as costas, foi embora e eu achei que nunca mais ia voltar. Mas ela voltou. Daí eu concluí que ela realmente precisa muito desse emprego. E não tenho coragem de demitir.)
Ah, droga. Não era pra virar um post sobre a empregada. Era pra ser bem mais amplo que isso. Era pra comentar também sobre esse papo de "homem que ajuda" e o horror que eu tenho ao verbo "ajudar" empregado desta forma. Era pra dizer que eu também recebo elogios. Era pra desabafar 3 semanas de estresse e cansaço. Mas eu estou meio obcecada por esse assunto da empregada. Não consigo falar de outra coisa.
21.7.06
 como é possível amar tanto uma coisinha tão pequena?
Vou te contar. Eu sabia que esse negócio de ser patroa não ia funcionar. Porque eu falo uma vez, com educação e cheia de dedos. Entra por um ouvido e sai pelo outro. Eu falo outra vez, com educação mas de forma um pouco mais direta. Ela finge que não entende. Aí eu falo de novo. Com educação, mas com voz firme e bem diretamente. Ela fica me olhando com cara feia. (e eu fico com medo, juro. vocês tem que ver a cara que ela faz. fico achando que ela vai me bater.) A essa altura eu já perdi a paciência, Joana está aos berros, eu estou nervosa e não acredito que terei que repetir a mesma coisa pela milésima vez no dia. Aí falo diretamente, com essa voz mesmo, voz de quem já perdeu a paciência, tem um bebê chorando no colo, está nervosa e não acredita que tem que repetir a mesma coisa pela milésima vez. Ela se ofende, me responde e tenta puxar uma discussão.
Sinceramente? Não sirvo pra isso.
Mas sou brasileira e tal. Vou tentar mais um pouco.
15.7.06
A manhã é a melhor hora do dia. Ela não tem cólica. E, depois de mamar, dorme como um anjinho. Aí eu posso cochilar, tomar banho e até vir até o computador tranquilamente. Ficar procurando livros que não vou comprar. Como essas pessoas estranhas que passeiam em shopping pra olhar vitrine, sabe? E leio emails. E até tenho tempo pra responder os comentários do blog. Só não consigo raciocinar a ponto de conseguir fazer um post não-diarinho. Nem falei nada do Zidane depois da final da copa, né? Mas a final da copa praticamente nem existiu pra mim. Nem vi a cabeçada. Mal vi o jogo. Só acompanhei tudo depois, pelos jornais. E o Zidane foi lá pro topo da minha galeria de ídolos.
E agora eu tenho uma empregada doméstica. Uau, hein? Classe média total. Esse negócio de ter empregada me incomoda demais. Demais mesmo. Ter alguém na sua casa o dia todo, se metendo em tudo, dando palpite ou simplesmente estando ali quando você quer ficar sozinha. E ter que ficar monitorando tudo. Coisa de dona de casa mesmo. Haja saco. Porque a gente acha que paga exatamente pra isso, né? Pra não ter que se preocupar com essas coisas. Mas na vida real elas não são como as das novelas. Mas não posso reclamar. Acabou a licença-paternidade e nem posso imaginar em como estaria essa casa se eu estivesse sozinha. Mas o que incomoda mesmo é esse negócio de ser patroa. Eu tenho que mudar minha configuração mental pra assumir esse papel. Acredite, não é fácil. Nem um pouco.
Com dez dias, levamos a Joana no posto de saúde pra tomar vacina. Fiquei toda preocupada, porque fomos de metrô. Mas ela se comportou exemplarmente. E tenho que dizer que foi um sucesso. Se você é exibida, a melhor coisa do mundo é andar com um bebê na rua. As pessoas param pra elogiar. E você até ouve as pessoas comentando quando você passa, sabe? Eu adorei. haha Ela foi e voltou quietinha. E só chorou um pouquinho de nada na hora da vacina mesmo. Quem vê, não acredita que ela esperneie tanto na hora da cólica. Meu pai, por exemplo, brinca dizendo que não acredita quando a gente conta dos choros e noites mal-dormidas. Porque toda vez que ele vem aqui, ela está dormindo ou quieta. Ontem ele passou aqui rapidinho, ficou uns cinco minutos. E ela no meio de uma crise de cólica. Pois ele ficou exatamente os cinco minutos que ela para de chorar pra tomar fôlego. É incrível. Tão pequenininha e já joga pra platéia.
12.7.06
Sem condição de responder os comentários um por um. Mas obviamente li todos e amei. :)
E só pra não ficar muito tempo sem dar notícias: cansa muito. Nossa. Tudo aquilo que falam, que a gente nunca mais dorme e tal. É verdade. E tem uma hora do dia, ali pelo meio da tarde, quando ela começa a chorar com cólica, que não é brincadeira não. Dá vontade de chorar junto. E eu choro. É meio desesperador. Uma sensação de impotência que é a pior coisa que existe no mundo. Mas aí ela acalma e dorme como um anjinho. A gente fica olhando sem acreditar que foi a gente que fez. E esquece o desespero da tarde. Esquece que amanhã tem mais. Esquece que tem um mundo lá fora. Eu estou ficando piegas demais. Mas olha, não dá pra não ser.
 (E eu preciso fazer um post sobre amamentação. Porque por mais que eu tenha me preparado, não imaginava que seria tão difícil. Porque no início dói. Mas dói mesmo. E eu cheguei a pensar que não seria capaz. E descobri que sou. Descobri que sou mais forte do que imaginava. E devo isso a minha filha. Mas serviu pra eu entender porque é tão fácil para algumas mulheres apelarem pra mamadeira e leite em pó. Eu tenho essa mania de criticar todo mundo. E precisei ficar com o peito em carne viva pra compreender.)
6.7.06
Todo mundo já sabe, né? Que ela nasceu. Mas nossa. Vocês não sabem da metade. Daquilo tudo que não cabe num post. Que não cabe numa frase, num texto, nem num livro. E mal cabe num corpo só.
 Qual o tamanho da felicidade? A gente se acostuma a dizer que não tem medida. Mas a minha tem. 48 centímetros, por enquanto.
1.7.06
Sabe quando eu digo que não quero só ganhar, quero humilhar o adversário?
Então. Era de uma partida como a de hoje que eu estava falando.

É nada menos do que isso que eu espero de um jogo. O que a França fez.

Não ganhou simplesmente. Humilhou.
Com o melhor do mundo em campo, fica fácil, né?
 - O que? Fala mais alto! - Eu sou um amarelão e você é o melhor do mundo.
O time do Brasil é formado basicamente pelo grupo dos alunos que odeiam educação física. Sabe como é? Eu sei bem. Porque eu fazia parte desse grupo. Sei do que estou falando. Os alunos que odeiam as aulas de educação física são assim: fingem e simulam doenças para conseguir dispensa médica. Quando não conseguem, porque ninguém pode ficar doente o ano todo, entram em campo e fogem do jogo. Nunca estão livres para receber uma bola. Se escondem mesmo. Eu sou especialista nisso. Eu posso passar uma tarde inteira jogando no seu time e você nem perceber. Vai bater lateral? Eu estou lá no meio de campo. Ataque do time? Estou aqui na defesa. Um passe? Opa, eu estava de costas, que azar, hein? Precisando de marcação? Minha meia caiu, vou ajeitar. Na boa, não sei porque o Parreira nunca me convocou.
(depois do jogo o parreira disse que as substituições foram acertadas e feitas na hora certa. tá bom. não vai admitir nunca. como o cafu provavelmente não vai admitir que saiu rindo de campo. nem pra fingir que estava se importando. teve um repórter que perguntou "você continua achando que não dá pra vencer jogando bonito, como a frança?". nossa. só não dei um pulo do sofá porque vocês sabem: repouso.)
update: Daqui não saio, daqui ninguém me tira O Juninho deu uma entrevista dizendo que a seleção precisa de renovação. O Cafu não gostou. Disse que foi uma declaração infeliz. E completou: "Sobre o futuro, dependerá do novo treinador. Mas vou estar sempre à disposição." hahaha não pode ser sério.
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