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30.11.06
Há um mês mais ou menos a Joana aprendeu a virar sozinha. Eu lembro que quase chorei. Porque a diferença que isso faz é imensa. Ela ficou ainda mais ativa e mais independente. Esses movimentos, que pra gente são tão simples, permitem que ela escolha sozinha a posição que quer ficar, dá uma nova perspectiva para a visão, permite novas descobertas. E agora ela, depois de tentar várias e várias vezes, consegue levantar o bumbum apoiada nos joelhos. Quer dizer, ela fica na posição de engatinhar, mas não conseguiu ainda coordenar os braços e as pernas, então só balança pra frente e pra trás mas não sai do lugar. Eu acho a coisa mais fofa do mundo quando ela faz isso. É uma delícia assistir. E hoje ela ensaiou um movimento pra frente algumas vezes. Até que conseguiu. Um pouquinho de nada. E ploft, perdeu o apoio do braço, foi de cara no chão e chorou. Não sei explicar o que eu senti. Sabe a sensação de estar muito próxima de dar um grande passo? Pois é.
Você sabe que chegou a um ponto muito crítico quando, quase 5 meses após o parto, as pessoas ainda levantam para te dar lugar no metrô. Como nenhuma roupa de antes da gravidez cabe em mim e as batas da gravidez só fazem evidenciar minha barriga, meu critério para comprar roupas atualmente é: deu? então é essa mesmo. Não tem mais esse negócio de escolher modelo ou cor. E na maioria das vezes nem esse método dá certo. Deu? Não. E essa, deu? Não. E essa outra? Não. E mais essa? Também não. Não. Não. Não. Continuaria eternamente se eu tivesse auto-estima suficiente para continuar na cabine. Mas me senti meio ridícula no dia em que fiz minha mãe entrar sozinha numa loja e perguntar pelo maior tamanho de calça jeans, pra ver se caberia em mim. Porque eu não entro mais. E minha mãe é magra, né? Vocês sabem que isso faz TODA diferença do mundo na hora de entrar numa loja.
Sabe aquele mito de que amamentar emagrece? Eu dou gargalhadas cada vez que lembro que um dia acreditei nisso. E se você é dessas que confirma que o mito é verdade, me faça um favor: não me conte.
(Lógico que o maior tamanho ainda era pequeno demais. Naturismo é a solução.)
23.11.06
Eu realmente achei que ia ter tempo de fazer tudo que falei no último post. Mas nossa, vocês não tem noção do meu cansaço. Me sinto como nas primeiras semanas depois do nascimento da Joana: adorando a nova vida, mas completamente esgotada e com vontade de chorar o dia todo. Eu estou tão cansada, mas tão cansada, que às vezes andando na rua eu sinto que vou desabar e ficar ali mesmo. Sinto cãimbra nas pernas e minhas mãos tremem. Essa noite eu não dormi nada de tanta dor de garganta. E ainda vomitei o jantar todo. Eu não quero desanimar ninguém, mas esse negócio de trabalhar e amamentar não é tão simples assim não. Às vezes eu me pergunto se vale a pena. Porque tem um limite pro que o nosso corpo aguenta. E ontem eu achei que tinha chegado no meu. Mas aí eu lembro que se eu não voltar em casa na hora do almoço, praticamente não vou ver a Joana acordada durante a semana. Então, por enquanto, apesar de tudo, está valendo a pena. Mas vou fazer algumas adaptações na minha rotina. Por exemplo, agora volto pra casa no fim do dia de táxi. Fiz isso hoje e fez toda a diferença do mundo. Pelo menos eu cheguei em casa ainda como uma pessoa e não como um trapo humano. Porque agora eu nem penso mais em parar de trabalhar. Lembrei como é bom ter outros interesses e assuntos além da Joana. Se bem que, né? Lá também o papo é praticamente só esse.
(e se a minha empregada resolver reaparecer já vai ser de grande ajuda)
16.11.06
Pra quem perguntou se a Joana chorou na creche: a pergunta certa seria se eu chorei na creche. ;-)
Tô devendo posts, resposta de comentários e de emails. Espero colocar tudo em dia no feriado. Até lá os dias estão simplesmente lotados. (ai, que saudade de ler calvin...)
10.11.06
Oferta imperdível
8.11.06
O que não tem remédio, remediado está. :)
Terceiro dia na creche. Comecei a etiquetar o material pra deixar definitivamente lá... (diz aí, não vai ser o material mais lindo da creche inteira? hahaha)
(amanhã falo mais sobre a adaptação. e respondo os comentários.)
6.11.06
Primeiro dia na creche. Sem comentários.
Sabe essas pessoas que falam: "quando meu filho nasceu, eu fiquei com ele até os seis meses, depois contratei uma babá e passei a trabalhar meio período (ou em casa) até ele completar X anos e só aí retomei minha carreira que, veja que maravilha!, ficou esse tempo todo me esperando." Não é bem assim que elas falam. Mas vocês entenderam. Vocês conhecem pessoas assim. Eu conheço. E morro, MORRO, de inveja.
4.11.06
A creche perfeita não existe. Lógico. Por melhor que seja, eu sempre vou achar um defeito. Porque é óbvio que nenhuma creche vai ser suficientemente boa para a minha princesa. ;)
Mas agora que o prazo para escolher a creche já acabou e eu ainda descobri que não posso contar com os 15 dias a mais de licença que eu já dava como certos, entrei em pânico. (*) Voltei da visita a uma creche hoje tremendo. Começou a chover e nem consegui abrir o guarda-chuva. Cheguei em casa e desabei. Chorei tudo que tinha pra chorar. Porque não posso mais me dar o luxo de ficar escolhendo muito. O tempo se esgotou e vai ser tudo mais difícil com um prazo tão pequeno.
Ainda não está nada decidido. Vamos fazer isso amanhã. Pra começar a agilizar tudo na segunda-feira. A minha favorita é a mais distante da minha casa, a mais cara, a com pior horário e ainda por cima é a única que dá férias coletivas de um mês inteiro. Com tanta coisa contra, porque é a favorita? Sei lá. Porque eu bati o olho e gostei. Gostei do "clima" do local. Sei que se escolher essa, terei muitos problemas práticos e daqui a um mês estarei arrependida. Mas tem coisa que não adianta. Quando a gente cisma, era uma vez.
(*) e no exato momento em que recebia esta notícia pelo telefone, acabou o efeito da anestesia que tomei de manhã para fazer um tratamento de canal e a porra do dente voltou a doer. pqp, hein? vou te contar. tem dias que é pra não sair da cama mesmo.
3.11.06
Pelo direito de amamentar
Se tem uma coisa que me surpreende cada dia mais é a atitude das pessoas em relação à amamentação. Eu nunca sequer pensei em não amamentar, tanto que o enxoval da Joana nem tinha mamadeira (depois tivemos que comprar uma correndo... não sou uma xiita anti-mamadeira, mas não vejo razão para transformar a exceção em regra e comprar com antecedência, como se fosse fundamental, algo que talvez, só talvez, seja necessário). Para mim sempre foram óbvios os benefícios da amamentação e eu ainda fico chocada com mulheres que optam por não amamentar para "não cair o peito" e outras razões do mesmo quilate (obviamente não estão incluídas aqui as mulheres que realmente não podem ou não conseguem amamentar).
E eu realmente achava que esse era um direito já garantido às mulheres. Que não precisaria mais lutar por ele. Nunca estive tão enganada.
Hoje a Joana completa quatro meses de vida. E quatro meses mamando no peito. Como ela bem disse: "contra tudo e contra todos". Porque é exatamente assim que a gente se sente. Quer dizer, que eu me sinto. Sei que não falo - e nem quero - por todas as mulheres. Mas falo por mim. E por muitas que sei que sentem a mesma coisa. Porque a pressão social é uma coisa absurda e surpreendente. Eu juro que achava que todo mundo apoiava e defendia a amamentação. Oficialmente é assim, né? E é essa a impressão que a gente tem quando está de fora. Mas, nossa! É preciso estar atento e forte. O tempo todo mesmo. Para não cair nas armadilhas.
E não estou falando só da armadilha da falsa comodidade da mamadeira e das fórmulas infantis. Nem só das pessoas nitidamente ignorantes, que insistem com o papo do "leite fraco" (sim, tem gente que ainda acredita nisso), da "mamadeira engrossada" por bebê dormir melhor (pro bebê ou pra mãe?), da água de coco pro bebê "não sentir sede" (como se o leite materno não tivesse água suficiente), do mamãozinho pra ela "melhorar a prisão de ventre" (como se a evacuação irregular de bebês alimentados somente com leite materno fosse prisão de ventre, um problema a ser sanado).
Estou falando da contradição entre os benefícios do aleitamento exclusivo até os 6 meses e a licença-maternidade que só cobre 4 meses. Da falta de creches nas empresas (que são substituídas pelo ridículo "auxílio-creche"). Dos risíveis dois intervalos de meia hora para a mulher que trabalha amamentar (o que, teoricamente, deveria resolver a contradição acima, mas que na prática não funciona assim exatamente porque pouquíssimas empresas mantém creches para os filhos das empregadas).
E, principalmente, estou falando do absurdo despreparo dos profissionais que lidam diretamente com crianças e bebês. Das coisas que eu vi e ouvi visitando creches. Ninguém, em nenhuma creche, me perguntou se a Joana era amamentada exclusivamente e se eu pretendia continuar assim. Era sempre eu que tinha que puxar o assunto. Porque eles já vem falando das fórmulas que fornecem e das que a gente tem que levar de casa. Quando eu perguntava sobre a possibilidade de levar meu leite congelado e de ir na hora do almoço amamentar, todos diziam que lógico, era possível, não tinha problema. Um discurso que não me parece muito realista quando a gente vê que na maior parte das creches nem existe um local apropriado para amamentação. Em uma delas havia uma cadeira de balanço no meio do hall de entrada, que é utilizada como "porta mochila". Lógico que a cadeira pode ter perdido a função porque nenhuma mãe solicita o uso, já que todas as crianças tomam fórmula na mamadeira. Mas as mães também podem ter desistido de amamentar exatamente por essa falta de estímulo. O ovo ou a galinha? Em outra, nem cadeira, mesmo que fora de função, existia. A responsável disse que eu poderia amamentar na secretaria. Tem também a nutricionista que praticamente surtou quando soube que a Joana ainda não comia nada. E a pedagoga que me disse que a mamadeira era ótima porque supria a necessidade do bebê sugar, agora "que ela não ia mais ter peito".
Enfim. O assunto é longo, mas está tarde e não vou poder terminar o post como queria. Deixo o assunto em aberto para voltar mais tarde. Mas o mais importante acho que é isso mesmo. Amamentar é simplesmente maravilhoso. Todas as palavras do mundo são insuficientes pra explicar essa experiência.
Mas pode ser também uma luta. Porque, para muitas mulheres, amamentar pode até ser um desejo. Mas ainda não é um direito garantido.
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